como tudo começou anterior seguinte
 
O conceito de fractal não é de longe um conceito da matemática clássica. De facto, só no início do século XX se deu a descoberta de algumas particularidades que levariam mais tarde ao conceito de fractal. É, no entanto, necessária uma viagem no tempo para se compreeender como tudo começou.
 
Reza a tradição que o matemático e filósofo da antiguidade Euclides(330 aC - 260 aC) ao caminhar pela praia se apercebeu de que, apesar de os grãos de areia se assemelharem individualmente a pequenas esferas, vistos como um todo, assemelhavam-se a uma superfície contínua.
 
Depois desta experiência, Euclides empenhou-se em tentar provar que todas as formas da natureza poderiam ser reduzidas a formas geométricas simples como cubos, esferas, prismas, etc. Empenhado no estudo das formas, Euclides colocou de parte um conceito basilar do actual estudo de fractais – a dimensão.
 
Durante os vinte séculos seguintes Labela conjectura de Euclides, foi algo de inabalável, quase mesmo dogmática.
 
De facto, a partir do século XVII, os trabalhos de Johannes Kepler e de Galileu Galilei investigando o movimento dos planetas e tentando descrever os sistemas dinâmicos, abriram as portas para que os trabalhos de Isaac Newton e de Gottfried Leibniz  (em torno do cálculo diferencial e integral) fizessem a Natureza parecer simples, linear e totalmente previsível. Durante alguns anos, passou-se a ideia que os passos futuros da ciência seriam limitados a encontrar formas de prever fenómenos e assim controlar total e rigidamente tudo à nossa volta.
 
Um exemplo deste tipo de pensamento está presente na mentalidade das grandes empresas do tempo da Revolução Industrial: se, em média, um trabalhador produzia cinquenta peças numa hora e uma empresa possuia quinhentos trabalhadores que trabalhavamm dez horas por dia, era suposto (e exigido) que ao fim de um dia de trabalho estivessem produzidas exactamente 500x10x50 peças e se tal não acontecesse, a conclusão que se tirava era que alguns não estavam a dar todo o seu rendimento. Foi este o pensamento determinista que, por alguns anos, reinou na mente dos cientistas e por momentos tornou a Natureza e a ciência demasiado simplistas e limitadas.
 
No final do século XIX que os estudos de Karl Weierstrass, de Georg Cantore de Giuseppe Peano deram origem a elementos matemáticos que colidiam frontalmente com os elementos matemáticos tradicionais. Já no século XX, Helge von Koch confrontou a comunidade matemática com uma curva insólita: apesar de estar contida numa área finita, o seu perímetro é infinito.
 
 
Quase em simultâneo, Henri Poincaré demonstrou que o comportamento de alguns sistemas, considerados simples, pode ser muito complexo e por vezes incontrolável.
 
Estes trabalhos foram rompendo com a teoria determinista e simplista em vigor até essa data e, apesar da muita resistência, foram garantindo as condições necessárias para que as portas da ciência, até à data limitadas, se abrissem de par em par.
 
Assim, em 1935 que Benoît Mandelbrot conseguiu dar algum sentido à ideia original de Euclides. Mandelbrot pensou que sim, que poderia ser possível descrever os fenómenos da natureza através de elementos matemáticos, no entanto não se limitou a descrever a natureza através de formas geométricas de dimensão 1, 2 ou 3 (linhas, planos e cubos). Mandelbrot introduziu o conceito de fractal – uma forma geométrica cuja dimensão não é necessariamente um número inteiro; de facto, na maioria dos casos, os fractais possuem dimensões dadas por números fraccionários (não redutíveis a números inteiros).